terça-feira, 28 de julho de 2009

Lembranças

Lembro-me do nosso primeiro encontro. Passei por ela e exclamei: Que linda! Lá se vão quase 18 longos anos deste primeiro dia e muitas coisas para lembrar.

Lembrar que sofri calado com sua indiferença, que chorei várias vezes de solidão, não uma solidão normal em que estamos realmente sozinhos, mas aquela solidão de ter várias pessoas em volta e sentir falta de uma única pessoa, dessa solidão que os poetas sempre falam. Estou contando isso a ela pela primeira vez, só meus grandes amigos podem ter certeza do que estou dizendo. Lembranças da infância…

Lembranças…

Lembro de ficar em casa nos finais de semana pensando: — Será que ela vem? Lembranças de um sonho…

Lembro que um dia ela veio. E Deus, atendeu meu pedido, minha chance de se aproximar, ela precisava de mim, lembro como se fosse hoje: eu sentado em frente à casa de meus pais (esperando ela passar do clube, só pra dizer oi), ela passou e disse que ganharia um computador e me pediu ajuda. Durante longas noites ajudei, ia a sua casa, nos beijávamos algumas vezes (You Are Not Alone, ela vai entender esta frase), mas eu demorei e quando criei coragem de pedi-la em namoro ela já tinha outro. E novamente eu chorei. O tempo passou, eu arrumei outra namorada, mesmo sem nunca esquecê-la, ela terminou com o outro namorado e alguns anos depois começou outro mais sério. Nos afastamos, mesmo morando tão perto. Lembranças…

Lembro que nos esquecemos por quase cinco anos…até que um dia… ah esse dia, quando tudo começou, indo pra casa ofereci carona, ela aceitou, conversamos, ela estava na faculdade, depois nos encontramos escondidos, terminamos com os respectivos namorado/a e naquele começo de ano, com flores e um cartão a pedi em namoro. Deste dia em diante foi tudo tão rápido, às vezes alegre (Iris, só ela vai entender está também, sinto muito) e ao mesmo tempo tão conturbado: ciúmes, carinhos, brigas, reconciliações, separações, voltas, os eternos ex-namorado/a incomodando, viagens a dois, amor… Lembranças pra ensinar…

Superada esta fase, uma perda considerável na família. Com certeza uma pessoa que faria falta a todos… e fez… Lembranças pra esquecer…

Mas, meses depois ficamos noivos. Jantar a dois em um restaurante, noivado surpresa (até pra mim), decidido em cima da hora, só meus pais foram informados após a compra das alianças. Alianças compradas à tarde, noivos no mesmo dia à noite… estávamos noivos… e acho que aquele será sempre o “nosso” restaurante… Lembranças pra nunca mais esquecer…

No mesmo ano mais uma surpresa: grávida… eu seria pai… e que surpresa… no começo foi estranho, responsabilidades, algo que mudou todos os “nossos” planos, depois virou felicidade. Lembranças de uma nova realidade…

Casamos, acho que foi a melhor festa de nossas vidas, graças a alguém que também já se foi… mudamos para um lugar “nosso”, graças a duas pessoas as quais eu devo tudo, inclusive minha vida… Lembranças para chorar, de novo, umas de alegria outra de tristeza, mas ambas para chorar…

Nosso menino “Chiquinho” — enquanto não tinha nome — chegou, nasceu o nosso João Vítor Alonso Rodrigues, como ele mesmo diz hoje em dia, e aquilo que chamamos de vida ficou totalmente diferente. Depois disso ele aprendeu a andar, a falar, largou a mamadeira, as fraldas e a chupeta… nosso bebê cresceu… sempre alegre e muito brincalhão. Lembranças que emocionam…

Decidimos mudar, vendemos uma despesa — um apartamento, na realidade — e compramos uma casa. Teoricamente, o que queríamos, e mais uma vez com a ajuda da “nossa” mãe, que nem posso chamar de sogra e que você diz que gosta mais de mim do que de você, o que não é verdade… tudo parecia correr bem até que os caminhos, os pensamentos, o nosso “onde queremos chegar/onde estaremos no futuro” não eram mais nossos, tornaram-se distintos, cada um com o seu… e a última gota, que veio para transbordar o copo que já estava cheio, veio com brigas tolas, mentiras, provocações e omissões… Lembranças que arrependem…

Acho que, como diz a música, já perdemos muito tempo brincando de perfeição e esquecemos o que somos, somos: Simples de Coração… quando complicamos nossos corações complicamos tudo e esta na hora de parar o trem da vida para tomar outro rumo os dois juntos ou, se tiver de ser, separados. E hoje temos uma escolha a fazer: Esvaziar o copo e recomeçar com uma reticências ou simplesmente soltá-lo ao chão e colocar um ponto final nessa história que acabei de lembrar emocionado, um filme passando e eu, obviamente chorando… Lembranças… às vezes boas, às vezes ruins, mas sempre lembranças…

Seja qual for a nossa decisão, te peço uma coisa: Nunca diga e não deixe ninguém dizer que “o nós” deu errado, diga que deu certo enquanto durou, enquanto pensamos igual, como sendo nós e não eu e você. Neste momento estou com uma parte da música Silêncio no afeto “tocando” em minha cabeça. Música de um cantor que gosto muito e que consegui (no primeiro com muito custo, no segundo, a pedido dela) fazê-la ir a dois shows dele. “nossos segredos não diga, são o que sobra no fim. Não sobra o que foi ciúme, não sobra o que foi paixão…” Lembranças… quais serão as próximas lembranças? De um louco passado, de um engano, ou de um futuro com mais coisas pra lembrar?

Nossos amigos, às vezes, fazem coisas que não entendemos, mas sempre serão nossos amigos…

De quem ainda te ama e precisa de ajuda e está disposto a te ajudar e esvaziar o copo…

2 comentários:

  1. Poxa Fabio, pena ler seu post mas com palavras tristes !
    Espero que tudo se resolva de uma maneira positiva para você !
    Abraços ...

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  2. Valeu Thiagão, as coisas já estão melhores por aqui. Abraços...

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