segunda-feira, 19 de julho de 2010

Eu mais você é igual a nós?

Dizem que o mais importante no relacionamento é o NÓS, mas eu peço permissão para discordar.


Acredito que num relacionamento o que “mede” – se é que podemos medir – o verdadeiro amor de ambos é o que um faz pelo outro e não o que ambos fazem pelo “nós” (comprar ingressos para um show ou filme que ambos gostariam de ir) ou pelo relacionamento em si (comprar algo para casa, por exemplo).

Fazer algo pelo outro significa fazer algo para alguém que você goste sem se beneficiar com o que fez. Exemplo: comprar flores só para alegrá-la sem nenhuma data especial; buscar ou levar a pessoa em algum lugar sem que aja necessidade; passear em lugares que você não gosta muito, mas que o outro adora; comprar algo sem motivo só para dar de presente a ela ou a ele (presente não é uma panela nova ou uma chave de roda para o carro da família, é algo que só a pessoa use, pois, caso contrário não é presente), dizer que ama por que realmente ama, sem segundas intenções… Isso é fazer pelo outro, só ele(a) se beneficia.

Uma frase de Paul Harris, que encontrei no livro do Bernardinho (Transformando Suor em Ouro da Editora Sextante) resume bem essa situação: "Dar de si sem pensar em si".
 
Isso sim é prova de carinho, de amor, de afeto, de que se preocupa com o outro(a). Preparar a comida, lavar o carro, lavar a louça, e até mesmo o sexo, não podem ser considerados como uma forma de agradar ao outro, pois, em teoria, ambos são beneficiados com isso, já que ambos comerão a comida, ambos usam o carro, ambos usaram a louça que está na pia, e ambos (assim se supõe) sentirão prazer com o sexo.


Jacinto Benavente diz que: “O Verdadeiro Amor não se conhece por aquilo que exige, mas por aquilo que oferece”.

Então um relacionamento ideal seria aquele em que eu penso em você e você pensa em mim? Faço por você por que te amo e você faz por mim pelo mesmo motivo. Deveríamos ficar felizes com a felicidade da outra pessoa.


Já pensou como seria muito melhor se conseguíssemos atingir esse nível de comprometimento? Essa harmonia, esse equilíbrio? Pensar primeiro no outro por ter a certeza de que o outro pensará primeiro em você? Isso talvez seja a confiança que todos nós buscamos alcançar um dia.

Se você está achando isso tudo utópico demais, te dou o exemplo das verdadeiras amizades, aquelas que a gente leva conosco por anos e anos e nunca se cansa. O tempo passa, a distância separa, mas as verdadeiras amizades nunca acabam porque temos a certeza de que, quando precisarmos, independente do tempo e da distância nós temos uma pessoa com quem podemos contar, um verdadeiro amigo. "Um amigo é alguém que sabe a canção de seu coração e pode cantá-la sempre que você esquecer a letra" - Autor desconhecido.


Por que os relacionamentos amorosos não podem ser como as verdadeiras amizades? Por que os amantes insistem em, muitas vezes, tratarem-se como inimigos e não como diz Martha Medeiros em Promessas Matrimoniais (vide postagem de Março 2010 – Até Que a Morte Os Separe): “Promete sentir prazer de estar com a pessoa que você escolheu e ser feliz ao lado dela pelo simples fato de ela ser a pessoa que melhor conhece você e, portanto a mais bem preparada para lhe ajudar, assim como você a ela?”.

Claro que surgirá a dúvida: e se eu pensar no outro e ele não pensar em mim? A resposta para essa pergunta é outra pergunta, que você deve fazer a si mesmo: Até quando eu agüentarei pensar no outro sem que ele se dê ao trabalho de pensar em mim?


Vale à pena arriscar? Amar e não ser amado? Se entregar por inteiro sem defesas? Ficar totalmente exposto ao amor?

Eu acredito que sim, pois, nos arriscamos todos os dias quando saímos de casa por muito menos que o amor e não nos questionamos sobre isso.

Além do mais, vale muito mais a pena pecar por ação do que por omissão. Pese. Ponha na balança do custo pelo benefício. O que vai custar se der errado e qual o benefício que ambos terão se der certo? Quando se cansar de tentar, simplesmente desista. Mas desista com a certeza de ter feito tudo o que podia para ser tratado do mesmo jeito que tratou o seu amor.
 
A famosa frase: “Até que a morte os separe” deixa em mim uma dúvida: Estamos falando da morte de alguém (o marido ou a esposa) ou de um sentimento (o amor entre ambos)? Isso que está oculto na frase não poderia ser: “Até que a morte “do amor” os separe?
 
“Para os erros há perdão; Para os fracassos, chance; Para os amores impossíveis, tempo... Não deixe que a saudade sufoque, que a rotina acomode, que o medo te impeça de tentar. Desconfie do destino e acredite em você. Gaste mais horas realizando que sonhando, fazendo que planejando, vivendo que esperando. Porque, embora quem quase morre esteja vivo, quem quase vive já morreu”. Achei créditos para Luis Fernando Veríssimo e para Fernando Pessoa, fica os dois até descobrir de quem realmente é.
 
Claro que ninguém, sem uma boa dose de auto-crítica, aceitará que se enquadra na situação de ser amado e não corresponder a altura, mas peço que olhe melhor o que o outro faz por você, você pode se surpreender com o que vai descobrir...

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